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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Sonho de Princesa -

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  À esquerda "Os Comedores de Batatas" de Van Gogh, à direita "O Almoço dos Barqueiros de Pierre-Auguste Renoir  Marta nasceu para ser princesa. Mas a riqueza ou a fama não lhe faziam a cabeça, o que lhe aquecia e acelerava o peito era algo muito específico: eram os grandes salões, destinos pomposos, alta cultura, gente de alta classe, raras vestimentas, eram os ambientes cujas as regras estabelecidas exigiam que decorasse os mais nobres manuais de etiqueta e civilidade. A fama na Internet lhe parecia pouca e o dinheiro lhe parecia um atalho, ela queria mesmo o glamour, sonhava com o charme, com a disciplina dos códigos. Mesmo sem entender para o que nasceu... Mas, um dia Marta desconfiou de tudo. Marta pesquisou e descobriu que os manuais mudam conforme o tempo, conforme o contexto, conforme a geografia; a etiqueta e a nobreza não eram valores absolutos, ela descobriu que poderia inferir que cada povo, em cada época, possuia códigos próprios dos quais se depreendem os

O problema de todo o poeta

O problema de todo o poeta O nosso problema é o improviso Lidar com a incontingência do mundo não é um problema Lidar com as ondas da cultura não é um problema O problema do poeta está em outra esfera Os augúrios sobre o fim do mundo são insignificantes Porque todos os poetas, de uma forma ou de outra Compreendem a efemeridade da vida em cada instante O problema de todo o poeta está no acaso Está no desejo imprevisto e arbritário Mas sobre o qual ele sabe que tem muito a dizer Sobre o qual cala, mas que quer dizer Para isso existem os repentistas: "Num encontro de violeiros era sobre amor o repente cada uma estrofe diferente entre aplausos e berreiros e veja o que se deu de presente esse tal de amor é uma calçola rasgada bem no fundilho furada que esconde a fundura mas não oculta a beirada pois digo que o amor é cueca no fundo abrida na parte baixa desprevenida tentando por tudo esconder o que só pensa encontrar saída entonce arrepare o que digo que

As praias de Tolkien

  No dia de hoje, 03/01/2024, há quase 131 anos atrás, nascia o John Ronald Reuel Tolkien; um inglês que em nada viveu ou poderia inspirar uma vida de um pobre no Brasil da década de 1990. Mas que, não obstante, me abriu muitas janelas para a imaginação.   As praias de Tolkien –   No iminente ocaso da grande batalha de Minas Tirith, nos Campos de Palennor, seiscentos mil orcs cercavam vinte mil homens livres, e no topo, Gandalf: o Branco, aguardara a sua morte com o pequenino Merry, um hobbit perdido. Em meio a aflição pela chegada da derradeira hora, na qual apenas a vã valentia faria sentido, o pequenino questionou ao mago branco, incrédulo de que o seu fim, vindo do Condado, fosse ali, daquela forma. Gandalf, que não era apenas um velho mago, mas um sujeito pontual que era um quinhão de Deus, que viverá dezenas de gerações antes dos hobbits, que nascera no início do tempo, quando o mundo fora criado; disse: – Não, a jornada não acaba aqui. A morte é apenas um outro cam